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Tribunal Tiradentes, São Paulo — 1983

 

Um espetáculo histórico e político concebido por uma criadora de cena e vivido coletivamente por cerca de duas mil pessoas — atores da história — no Teatro Municipal de São Paulo. Já tendo falado da circunstância do texto no item anterior, cabe dizer que o roteiro deflagrador de ações cênicas se resumia a apontar o conteúdo de cada um dos atores. O que fazia a beleza cênica se tudo era tão cotidiano, tão desprovido de teatralidade? Esta é uma pergunta que não ocorreu à crítica teatral, que não considerou "aquilo" como teatro mas uma espécie de comício diferente, pensado diante do silêncio. Foram as páginas políticas que se referiram ao "evento". Alguns artistas presentes como o Professor Doutor Márcio Aurélio, do Departamento de Artes Cênicas/UNICAMP, encenador e diretor, consideraram "aquilo" o teatro político brechtiano segundo uma perspectiva moderna, ou uma revisão do clássico.

 

Minha intenção foi sim ir às raízes do teatro político, refazendo o espaço da história e do lugar teatral. 

 

Assim, Luiz Inácio Lula da Silva foi ao palco do Municipal como narrador de sua história; também Hélio Silva, Rosalina Santa Cruz e outros.

 

A iluminação e o audiovisual, assim como os corais (todos elementos cênicos), foram tratados como parte do texto. Iacov Hillel (diretor e iluminador) definiu a luz no propósito do teatro político: branca, reveladora da "estranheza" (conceitos introduzidos por Brecht no teatro). 0 maestro Samuel Kerr conduziu o conjunto dos coros no sentido apontado pela direção: por um lado construiu "lugares" de relaxamento e alegria para os espectadores e, por outro, fez "lugares" de curiosidade e expectativa de novos modos de pensar e observar a realidade. Um exemplo de seu trabalho foi como usou um conjunto de sinos tocando no ponto mais alto da sala (praticamente na abóbada), de forma a chamar a atenção para algo que estava no espaço mas que ninguém via. Naquele momento, as cortinas do palco se abriam e Teotônio Villela estava sentado na grande mesa do Tribunal, sozinho (o juiz, o patriarca, o porta-voz; o sinal do coro sem o ser, quem sabe Tirésias).

 

Essa síntese de criações anteriores frutificaria em outros caminhos de pesquisa.

 

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