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A vida íntima de Laura, Campinas — 1986

 

A encenação de "A vida íntima de Laura", com texto de José Caldas a partir do livro de Clarice Lispector, ofereceu a oportunidade desejada para trabalhar com a direção de ator e retomar algumas perguntas que ficaram no ar em trabalhos anteriores. A busca da síntese em cada trabalho é uma ideia exaustiva e, no entanto, sempre tentada.

 

Antes da cena — mise-en-scène — o texto já "empurrava", digamos, para um trabalho com o ator. Na medida em que o Professor Arantes assumiu a Secretaria de Cultura de Campinas, apresentamos o projeto para um curso de teatro, que estaria concentrado em uma montagem e dirigido a atores amadores em um grupo heterogêneo.

 

O espetáculo-processo fez avançar a minha pesquisa, principalmente no plano da dinâmica verbal — Corpo X Palavra — pois se trata de uma narrativa assumida em primeira pessoa por Laura, a galinha.

 

Nossa intenção com os atores foi dar-lhes instrumentos técnicos para falarem enquanto dançam, ainda que suas vozes não fossem ouvidas. Não é a linguagem dos surdos-mudos (de sinal ou comunicação total — códigos estabelecidos) mas aquilo que compõe fisicamente esta linguagem e sem a qual a comunicação não acontece: ou seja, a relação precisa com o Tempo-ritmo > corpo que faz a palavra Espaço-peso.

 

Dinâmica verbal = trabalhar o corpo com o verbo-chave da intenção dramatúrgica para adquirir a expressão necessária no código artístico inventado, instantâneo, novo para quem o faz e novo para quem o recebe. Isso também quer dizer adquirir controle sobre o Tempo X Espaço X Peso.

 

Com este trabalho, demos um salto de qualidade na nossa pesquisa e nos dirigimos para um novo espetáculo na mesma estética, com o sentido de provar resultados dirigidos à formação do ator. Naquele tempo, as noções ainda estavam divididas e as estéticas eram conflitantes.

 

 

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